Se pai ou parentes do bebê não forem achados, ele pode ir para adoção.
“Eu inventei tudo isso pra minha prima ir no banheiro, dizer que encontrou a criança e trazer pra casa, pra gente criar”, reconheceu Bruna Rafaela Santos Amâncio, mãe do bebê que passaria por simulação de abandono no mercado público de Cumaru, no Agreste pernambucano. E complementa: “Se eu estou passando por tudo isso, quero o bebê de volta, se tiver como”.
No entanto, o Ministério Público do estado (MMPE) já acionou instituições para encontrar outros parentes do recém-nascido. “Ele me orientou a ir na comunidade para averiguar se realmente a versão da genitora – de que esse filho é fruto de um estupro – é verdadeira ou não. Se não for, tentar localizar o pai biológico para saber se ele é conivente com a situação. E se não for, saber se ele tem intenção de ficar com o filho”, explica o coordenador Almir de Oliveira, do Conselho Tutelar. Caso não seja identificado o pai ou um parente de segundo grau que não esteja envolvido neste processo, o bebê poderá seguir para adoção.
Comunicação falsa de crime
A Polícia Civil informou ao G1 na segunda-feira (7) que mulheres que teriam encontrado um recém-nascido em Cumaru são a mãe e a prima dele. A delegada Maria Betânia Tavares contou que, quando elas foram prestar esclarecimentos, lembrou-se que há três meses Bruna Rafaela estava grávida de seis meses e queria prestar queixa de estupro, com o intuito de conseguir na Justiça a decisão de abortar o bebê. Sendo questionadas sobre isto, ela e a prima – Taciana dos Santos Moura – decidiram explicar toda a história.
“Ela confessou que teve o bebê no Sítio Riacho da Pedra, no município de Passira, com a ajuda avó, no dia 4 de julho. Então, combinou de levar o bebê para Cumaru e simular um abandono, para que a prima pudesse pegá-lo no hospital e conseguir a guarda”, explicou a delegada, que é responsável por esses dois municípios. Chegando na feira de Cumaru, pessoas começaram a perguntar de quem era a criança e elas não chegaram nem a simular o abandono, mas disseram que o encontraram no banheiro do mercado público, ainda de acordo com a Maria Betânia Tavares. As duas vão responder por comunicação falsa de crime.
Da feira, o bebê foi levado ao hospital municipal, onde ainda permanece, segundo o Conselho Tutelar. A diretoria da unidade de saúde informou que a criança foi submetida a exames e passa bem. Os funcionários chamaram o bebê de David Luiz, em homenagem ao jogador da Seleção Brasileira.
Investigações
A delegada Maria Betânia Tavares informa que as mulheres foram liberadas e não responderão por abandono – já que isto sequer foi simulado e não houve nenhum flagrante -, e as investigações prosseguem. Ela ouvirá todos os envolvidos no caso, desde familiares a policiais e profissionais de saúde, além de solicitar perícia sexológica e teste de DNA.
Segundo conta a delegada, a história foi inventada porque Bruna Rafaela teria duas crianças sob custódia do pai, que mora em Cumaru. Ela queria reaver a guarda, mas, como estava grávida após um suposto estupro, tentou primeiro se desfazer do bebê que teve.
A ideia, ainda segundo a delegada, era de que a prima conseguisse a guarda do recém-nascido e, depois que a mãe obtivesse a guarda das outras, esta pegaria o bebê de volta.
Do: Patrulha do Agreste / Fonte: G1 Caruaru
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